domingo, 28 de setembro de 2014

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A “nova política” está grávida da velha


Os brasileiros amam novela e detestam política. A solução encontrada por esse povo criativo foi simples: transformar a política em novela. Assim surgiu o filho do Brasil (também conhecido como messias de Garanhuns), sucedido pela mamãe-presidenta-faxineira-mulher. Quem imaginou que o brasileiro havia se cansado de apanhar de personagens folhetinescos se enganou. Vem aí a imaculada da floresta. Na verdade, Marina Silva pode ser uma excelente candidata – desde que consiga derrotar seu próprio mito.

Marina tem dignidade. Só isso já a situa anos-luz à frente dos canastrões que embromam o Brasil há 12 anos. Mas este é um país fascinado pela embromação. Já está louco para votar numa santa e ficar esperando sentado pelos milagres. Dizem que a onda verde é uma extensão das manifestações de 2013. Se for isso mesmo, danou-se. A famosa Primavera Burra – com seu lema “nada na cabeça e uma pedra na mão”, ou simplesmente “uma pedra na cabeça” (do próximo) – é o ingrediente ideal para mais uma era de mistificação.

O Brasil caindo aos pedaços, em véspera de recessão após três mandatos de sucção ininterrupta, quer saber se os gays podem se casar de véu e grinalda. A Bíblia é o grande hit da eleição. Terreno arado e semeado para novo triunfo da picaretagem.

Depois de anos e anos de empulhação politicamente correta de Lula, Dilma, Dirceu, Gilberto Carvalho e oprimidos associados, o país resolveu achar interessante a “democracia de alta intensidade” de Marina Silva. Não se sabe o que seria uma democracia altamente intensa, mas deve ser algo parecido com uma gravidez de alta intensidade.

A quantidade de conceitos ornamentais no ideário de Marina não chega a substituir à altura o famoso “dilmês” (insubstituível) – mas também comove. Nota-se aquele sotaque de burocratas de ONG, com seus relatórios cheios de palavras doces e ociosas – um banquete para Madame Natasha, a personagem de Elio Gaspari que combate a prostituição do idioma.

O Brasil ama esses tipos que falam pelos cotovelos sem saber o que fazer. Basta ver a longevidade de um Guido Mantega no governo – e não é no Ministério da Pesca. Marina vem com uma das mais mofadas utopias de esquerda, o tal discurso da participação direta da população nas decisões de governo. O agravante é que ela parece acreditar nisso – diferentemente de seus ex-colegas petistas, que vieram com o decreto presidencial 8.243, dos conselhos populares, como esperteza chavista.

No final das contas, o grau de inocência não faz diferença. Os tais conselhos de intensificação democrática servirão ao aparelhamento ideológico e partidário da máquina pública. Militantes selecionados para atropelar técnicos e legisladores. A ditadura do bem.

Marina é uma pessoa admirável, de caráter sólido e espírito público. Isso é joia rara no Brasil – mas não é tudo. Basta lembrar o lendário caso de Saturnino Braga, o prefeito honesto que faliu o Rio de Janeiro, classificado por Millôr Fernandes como “o homem que desmoralizou a honradez”. Quando quer provar que terá solidez administrativa, Marina cita os princípios macroeconômicos implantados no governo Fernando Henrique – hoje plataforma de Aécio Neves, com seu pré-anunciado ministro da Fazenda Armínio Fraga. Quem garantiria tal solidez e perícia a um governo Marina?

Outro enigma: ninguém sabe qual seria a base político-partidária de Marina. Ela tem o PSB, um nanico vitaminado, e a Rede, que não existe. Já avisou que, em seu governo, o PMDB será oposição. Com o PSDB não dá para compor, porque é lido como monstro neoliberal pela esquerda pueril que a apoia. Sobra qual partido grande, com que Marina mantém laços históricos, não só em seu Estado de origem? Ele mesmo, aquele que o eleitorado marinista-mudancista acha que escorraçará do poder: o PT.

O Brasil é mesmo uma grande novela. Neste momento, uma imensa parcela do eleitorado projeta o voto em Marina, que oferece o lastro administrativo de Aécio e provavelmente está grávida de Dilma. A intensidade dessa gravidez, só Deus sabe.

Talvez um dia o brasileiro aprenda a votar (alô, Pelé), avaliando que governo um candidato é capaz de fazer, e não que sonhos bonitinhos (e ordinários) ele pode inspirar.


http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/guilherme-fiuza/noticia/2014/09/bnova-politicab-esta-gravida-da-velha.html

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

PF já tem a identidade do petista que entregou dólares a chantagista

Enivaldo Quadrado recebia dinheiro do PT para manter silêncio sobre contrato envolvendo desvios na Petrobras. Polícia investiga o caso em sigilo

O PODER E O CRIME - Enivaldo Quadrado (à direita), o chantagista, é pago pelo PT para manter em segredo o golpe que resultou no desvio de 6 milhões de reais da Petrobras, em outro caso de chantagem que envolve o ministro Gilberto Carvalho, o mensaleiro José Dirceu e o ex-presidente LulaO PODER E O CRIME - Enivaldo Quadrado (à direita), o chantagista, é pago pelo PT para manter em segredo o golpe que resultou no desvio de 6 milhões de reais da Petrobras, em outro caso de chantagem que envolve o ministro Gilberto Carvalho, o mensaleiro José Dirceu e o ex-presidente Lula (Montagem com fotos de Ailton de Freitas-Ag. O Globo/Joel Rodrigues-Folhapress/Rodolfo Buhrer-Estadão Conteúdo/Jeferson Coppola/VEJA)
A Polícia Federal já sabe quem é o homem que, em nome do PT, fazia as entregas de dinheiro a um grupo de chantagistas que ameaçava envolver o partido no escândalo de corrupção da Petrobras. Em sua última edição, VEJA mostrou que Enivaldo Quadrado, condenado no processo do mensalão, prometeu revelar detalhes sobre o envolvimento de petistas com o desvio de 6 milhões de reais do cofre da estatal. Para comprar seu silêncio, o partido cedeu à chantagem.
Cumprindo pena alternativa, Enivaldo Quadrado, o chantagista, recebe pagamentos regulares em dólares americanos. O dinheiro é entregue por um homem identificado apenas como sendo um conhecido militante do PT, influente, com estreitas  ligações com os chefes mensaleiros – e que faz o serviço  cumprindo ordens do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
O valioso trunfo de Enivaldo Quadrado são as informações que ele possui sobre a triangulação de uma outra chantagem. Em 2012, o publicitário Marcos Valério, outro condenado no mensalão, revelou ao Ministério Público que o empresário Ronan Maria Pinto estava ameaçando envolver o então presidente Lula e seus auxiliares, o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, no assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel. Para evitar que isso acontecesse, o PT deu a ele 6 milhões de reais, dinheiro que saiu dos cofres da Petrobras, segundo Marcos Valério.
Enivaldo Quadrado conhece todos os detalhes da operação e guardou consigo a cópia de um contrato que formalizou o repasse milionário a Ronan Maria Pinto, o primeiro chantagista. Por isso, seu silêncio agora vale tanto.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

No RS, juiz é preso por suspeita de matar mulher que conheceu na internet



Um juiz mineiro aposentado está preso em uma cela especial do Palácio da Polícia, em Porto Alegre, acusado de matar a tiros a mulher com quem vivia no interior do Rio Grande do Sul. O crime ocorreu no dia 22 de julho, seis meses depois que o casal - que se conheceu pela internet - passou a morar junto. 
Francisco Eclache Filho, 65, é juiz aposentado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Naquele Estado, é tido como um excelente profissional. Depois de dois casamentos, conheceu pela internet a economista Madalena Dotto Nogara, 55, solteira, mãe de uma mulher de 32 anos e ex-secretária de Finanças e da Indústria da cidade gaúcha de Restinga Seca (a 258 km de Porto Alegre), na região central do Rio Grande do Sul.
Depois de conversas pela web iniciadas em outubro de 2013, o casal se aproximou. Em janeiro, Eclache Filho deixou a casa em que vivia na cidade mineira de Manhumirim e foi morar com Madalena, em Restinga Seca.
Conforme o inquérito policial, ciúmes e o abuso de álcool por parte do juiz azedaram a relação. Foi então que, na noite de 22 de julho,  Eclache Filho matou, dentro de casa, Madalena. Ela foi atingida por quatro tiros do revólver 38 do companheiro. Os disparos foram feitos no peito, nas costas e na cabeça.
Após os tiros, o magistrado fugiu do local. Ele foi preso na manhã seguinte, no litoral gaúcho, depois de cair em um buraco no km 74,6 da BR-101, entre Torres e Osório. Ao socorrer Eclache Filho, policiais rodoviários perceberam que ele estava sendo procurado como suspeito do assassinato.
Na delegacia, o juiz alegou que Madalena havia sido atingida acidentalmente, quando ele a ensinava a manusear a arma. A desculpa não convenceu o delegado Gustavo Brentano, que o prendeu em flagrante.
No dia 5 de agosto, a juíza Juliana Tronco Cardoso, da Comarca de Restinga Seca, recebeu a denúncia do Ministério Público contra Eclache Filho por homicídio triplamente qualificado.  Segundo o advogado do juiz, Ramon D'Avila Prottes Soares, o assassinato se deu por legítima defesa. Sobre a fuga, o defensor afirma que Eclache Filho estava voltando para Minas Gerais, onde se apresentaria à Justiça.
O magistrado está em uma cela individual na carceragem que abriga policiais. Ele deve permanecer preso até o julgamento. Dois habeas corpus já lhe foram negados.
A reportagem tentou contato com o MP, mas não obteve retorno. O advogado de Eclache Filho também foi procurado para comentar o desenrolar do processo, mas não foi localizado. 
Leia mais em: http://zip.net/btpsGw