A força-tarefa da
Operação Lava Jato sustenta que a propina de R$ 10 milhões para barrar a CPI da
Petrobrás, em 2009, ao então senador Sérgio Guerra (presidente do PSDB – morto
em 2014) e ao deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) ‘não foi prática
isolada’.
Nesta terça-feira, 6,
os procuradores da República denunciaram Ildefonso Colares Filho, ex-executivo
do grupo Queiroz Galvão, e Erton Medeiros, empresário ligado à Galvão
Engenharia, pelo crime de corrupção ativa – eles ofereceram, segundo a acusação
do Ministério Público Federal, R$ 10 milhões em propina aos parlamentares.
Esta é a segunda
denúncia da Lava Jato que atinge as Comissões Parlamentares de Inquérito que
foram instaladas com o objetivo de apurar desvios em contratos da Petrobrás.
Em 6 de maio deste
ano a Procuradoria denunciou o ex-senador Gim Argello e outros investigados que
teriam acertado o pagamento de propina para barrar as investigações de CPIs da
Petrobrás em 2014.
Nesta época, a fase
ostensiva da Lava Jato já havia sido deflagrada.
Os procuradores
sustentam que, mesmo com a Lava Jato em curso, Gim Argello agiu com o objetivo
de obstruir os trabalhos das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs)
instauradas no Senado e na Câmara, ‘as quais tinham também por objetivo
investigar crimes praticados no âmbito da Petrobrás’.
“Com mais esta
denúncia, as investigações da Lava Jato indicam que o pagamento de vantagem
indevida para impedir ou atrapalhar os trabalhos de CPIs não foi uma prática
isolada”, afirma a Procuradoria da República.
Para o procurador da
República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, a provas
do pagamento de propinas a parlamentares para barrar CPIs da Petrobrás, em 2009
e em 2014, ‘são perturbadoras’.
“Não só porque a casa
foi assaltada e o guardião subornado para garantir a impunidade. Não só porque
isso aconteceu na mais alta esfera da República. Isso perturba especialmente
porque se os parlamentares agiram para barrar a investigação de crimes
praticados por terceiros, há uma perspectiva de que poderão agir para barrar a
investigação dos crimes que eles próprios praticaram. Na medida em que o número
de parlamentares investigados aumenta, nossa preocupação cresce. A sociedade
precisa ficar atenta, porque reações contra a Lava Jato já começaram e se fortalecerão,
tanto mediante campanhas difamatórias como por meio de iniciativas
legislativas”, aponta Deltan.
O PSDB afirma que
nunca recebeu valores ilícitos.
O deputado Eduardo da Fonte nega taxativamente envolvimento com a trama para
abafar a CPI da Petrobrás em 2009.