domingo, 2 de junho de 2019
terça-feira, 16 de abril de 2019
O Amigo Do Amigo Do Meu Pai

NA ÚLTIMA TERÇA-FEIRA, um documento explosivo enviado pelo empreiteiro-delator Marcelo Odebrecht foi juntado a um dos processos da Lava Jato que tramitam na Justiça Federal de Curitiba. As nove páginas trazem esclarecimentos que a Polícia Federal havia pedido a ele, a partir de uma série de mensagens eletrônicas entregues no curso de sua delação premiada.
No primeiro item, Marcelo Odebrecht responde a uma indagação da Polícia Federal acerca de codinomes que aparecem em emails cujo teor ainda hoje é objeto de investigação. A primeira dessas mensagens foi enviada pelo empreiteiro em 13 de julho de 2007 a dois altos executivos da Odebrecht, Irineu Berardi Meireles e Adriano Sá de Seixas Maia. O texto, como os de centenas de outras e-mails que os executivos da empreiteira trocavam no auge do esquema descoberto pela Lava Jato, tinha uma dose de mistério.
Marcelo Odebrecht pergunta aos dois: “Afinal vocês fecharam com o amigo do amigo do meu pai?”. É Adriano Maia quem responde, pouco mais de duas horas depois: “Em curso”. A conversa foi incluída no rol de esclarecimentos solicitados a Marcelo Odebrecht. Eles queriam saber, entre outras coisas, quem é o tal ”amigo do amigo do meu pai”. E pediram que Marcelo explicasse, “com o detalhamento possível”, os “assuntos lícitos e ilícitos tratados, assim como identificação de eventuais codinomes”.

A resposta do empreiteiro, que após passar uma longa temporada na prisão em Curitiba agora cumpre o restante da pena em regime domiciliar, foi surpreendente. Escreveu Marcelo Odebrecht no documento enviado esta semana à Lava Jato: “(A mensagem) Refere-se a tratativas que Adriano Maia tinha com a AGU sobre temas envolvendo as hidrelétricas do Rio Madeira. ‘Amigo do amigo de meu pai’ se refere a José Antonio Dias Toffoli”. AGU é a Advocacia-Geral da União. Dias Toffoli era o advogado-geral em 2007.
O empreiteiro prossegue, acrescentando que mais detalhes do caso podem ser fornecidos à Lava Jato pelo próprio Adriano Maia. “A natureza e o conteúdo dessas tratativas, porém, só podem ser devidamente esclarecidos por Adriano Maia, que as conduziu”, afirmou no documento, obtido por Crusoé.
Adriano Maia se desligou da Odebrecht em 2018, depois do turbilhão que engoliu a empreiteira. Ex-diretor jurídico da construtora, seu nome já havia aparecido nos depoimentos da delação premiada de Marcelo Odebrecht. Ele é citado como conhecedor dos negócios ilícitos da empresa. O empreiteiro diz que Adriano Maia sabia, por exemplo, do pagamento de propinas para aprovar em Brasília medidas provisórias de interesse da Odebrecht. Ele menciona, entre os casos, a MP que resultou no chamado “Refis da Crise” e permitiu a renegociação de dívidas bilionárias após acertos pouco ortodoxos com os ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci.
Adriano Maia também aparece em outras trocas de mensagens com Marcelo Odebrecht que já constavam nos inquéritos da Lava Jato. Em uma delas, também de 2007, Odebrecht o orienta a estreitar relações com Dias Toffoli na Advocacia-Geral da União. Àquela altura, a Odebrecht tinha interesse, juntamente com outras construtoras parceiras, em vencer a licitação para construção e operação da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira. Na AGU, Toffoli havia montado uma força-tarefa com mais de uma centena de funcionários para responder, na Justiça, às ações que envolviam o leilão.
Havia um esforço grande do governo para dar partida às obras. O leilão para a construção da usina de Santo Antônio foi realizado em dezembro de 2007, cinco meses após a mensagem em que Marcelo Odebrecht pergunta aos dois subordinados se eles “fecharam com o amigo do amigo de meu pai”. A disputa foi vencida pelo consórcio formado por Odebrecht, Furnas, Andrade Gutierrez e Cemig. A Lava Jato trabalha para destrinchar o que há por trás dos e-mails – e dos codinomes que, agora, a partir dos esclarecimentos de Marcelo Odebrecht, são conhecidos.
A menção a Dias Toffoli despertou, obviamente, a atenção dos investigadores de Curitiba. Uma cópia do material foi remetida à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para que ela avalie se é o caso ou não de abrir uma frente de investigação sobre o ministro – por integrar a Suprema Corte, ele tem foro privilegiado e só pode ser investigado pela PGR. Os codinomes relacionados às amizades de Marcelo e do pai dele, Emílio Odebrecht, já apareciam nas primeiras mensagens da empreiteira às quais a Polícia Federal teve acesso, ainda na 14ª fase da Lava Jato, deflagrada em junho de 2015. No material, havia referências frequentes a “amigo”, “amigo de meu pai” e “amigo de EO”.
Demorou pouco mais de um ano para que os investigadores colocassem no papel, pela primeira vez, que o “amigo de meu pai” a que Marcelo costumava se referir era Lula – o ex-presidente conhecia Emílioo Odebrecht desde os tempos em que era sindicalista. As mensagens passaram a fazer ainda mais sentido depois. Elas quase sempre tratavam de assuntos relacionados ao petista. Se havia a certeza de que o “amigo de meu pai” era Lula, ainda era um enigma quem seria o tal “amigo do amigo de meu pai”. Sabia-se que, provavelmente, era alguém próximo a Lula. Mas faltavam elementos para cravar o “dono” do codinome e, assim, tentar avançar na apuração. A alternativa que restava era, evidentemente, perguntar ao próprio Marcelo Odebrecht. E assim foi feito.
Há fundadas razões, como se diz no jargão jurídico, para Dias Toffoli ser tratado por Marcelo Odebrecht como “amigo do amigo de meu pai” – amigo de Lula, portanto. O atual presidente do Supremo foi, durante anos a fio, advogado do PT. Com a chegada de Lula ao poder, ascendeu juntamente com os companheiros. Sempre manteve ótima relação com o agora ex-presidente, que está preso em Curitiba.
Em 2003, Dias Toffoli foi escolhido para ser o subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil. Naquele tempo, o ministro era José Dirceu. Toffoli ocupou o posto até julho de 2005. Em 2007, foi nomeado por Lula chefe da Advocacia-Geral da União, um dos cargos mais prestigiosos da máquina federal. Em 2009, deu mais um salto na carreira: Lula o escolheu para uma das onze vagas de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Nesta quinta-feira, Crusoé perguntou a Dias Toffoli que tipo de relacionamento ele manteve com os executivos da Odebrecht no período em que chefiava a AGU e, em especial, quando a empreiteira tentava vencer o leilão para a construção das usinas hidrelétricas no rio Madeira. Até a publicação desta edição, porém, o ministro não havia respondido.
Os outros e-mails listados na resposta de Marcelo Odebrecht ao pedido de esclarecimentos feito pela Polícia Federal trazem mais bastidores da intensa negociação travada entre a empreiteira e o governo em torno dos leilões para a construção das usinas na região amazônica – projetos que, na ocasião, eram tratados por Brasília com grande prioridade e que, como a Lava Jato descobriria mais tarde, viraram uma fonte generosa de propinas para a cúpula petista.
Ao explicar uma das mensagens, Marcelo Odebrecht volta a envolver o ex-presidente Lula diretamente nas controversas negociações com a companhia. Ao se referir à decisão da empresa de abrir mão de um contrato de exclusividade com seus fornecedores no processo de licitação da usina de Santo Antônio, Marcelo afirma que a medida foi adotada a partir de uma conversa privada entre Lula e Emílio Odebrecht.
Diz ele: “Esta negociação foi feita entre Emílio Odebrecht e o presidente Lula (‘amigo de meu pai’) que prometeu compensar a Odebrecht em dobro (de alguma forma que só Emílio Odebrecht pode explicar)”. Também há menção a Dilma Rousseff, tratada em um dos e-mails como “Madame”. A então, ministra da Casa Civil de Lula era vista, àquela altura, como um empecilho aos projetos da Odebrecht na área de energia na região norte do país. As mensagens trazem, ainda, referências aos pedidos de propina relacionados aos leilões, que chegavam por intermédio de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.
Com as respostas do empreiteiro-delator, a Lava Jato deverá dar mais um passo nas investigações sobre os leilões das hidrelétricas. Uma das frentes de apuração, que mira a construção da usina de Belo Monte, já está avançada. Quanto à menção de Marcelo Odebrecht a Dias Toffoli, não se sabe, até aqui, se a Procuradoria-Geral da República pedirá algum tipo de esclarecimento ao ministro antes de decidir o que fazer. Como advogado-geral da União, Toffoli tinha a atribuição de lidar com o tema. Até por isso, não é possível, apenas com base na menção a ele, dizer se havia algo de ilegal na relação com a empreiteira. Mas explicações, vale dizer, são sempre bem-vindas.
quarta-feira, 13 de março de 2019
Doutor, eu não me engano, o bolsonaro é miliciano...
Texto de Caio Almendra:
Não há provas que Bolsonaro sabia de antemão e menos ainda que é o mandante do assassinato. Agora, há uma orgia de provas que ele e sua família tinham uma relação promíscua com a milícia, em especial a que assassinou Marielle.
Quando Flávio Bolsonaro precisou de alguém de confiança para desviar salários que deveriam ir para assessores, ele contratou a esposa e a mãe de um miliciano, Adriano da Nóbrega, hoje procurado pela investigação do assassinato de Marielle. Ou seja, Adriano escondia o crime de Flávio Bolsonaro e Flávio Bolsonaro defendia milicianos na imprensa.
Jair Bolsonaro via todo dia um ex-sargento da PM com soldo de 7mil reais por mês entrar no mesmo condomínio que ele com um carro blindado de 120mil reais e estacionar numa casa de 5 milhões de reais. Ele nunca se importou com isso, nunca levou isso para a corregedoria, para seus amigos na polícia, nada. Policial com gastos incompatíveis com sua renda não é indicativo de nada, afinal.
Flávio Bolsonaro, na ocasião da morte da juíza Patrícia Acioli, se prestou ao papel de defender os polícias e inferir que a juíza causou a própria morte ao ser grosseira com policiais. Ele, também, defendeu policiais que bateram em uma juíza que investigava se haviam regalias ilegais dentro de um presídio para ex-policiais.
Jair Bolsonaro há poucos dias atacou Chico Otávio e sua família, ambos jornalistas. O Chico investiga a ação de milícias no Rio.
E é essa a questão: não é necessário que Jair Bolsonaro seja mandante de um assassinato. O fato dele ter relações ultra-promíscuas com milicianos já é suficiente para ele não dever ocupar a cadeira presidencial. No mínimo, ele jogou por anos esse jogo de "não quero nem saber o que esses milicianos fazem" e isso se chama conivência.
Toda falsa equivalência, toda alegação de que "pode ser coincidência" e todo espantalho do tipo "então você está dizendo que ele é o mandante do crime mesmo sem provas disso" são discursos desonestos que visam nublar a questão.
Jair Bolsonaro e sua família tem relações indevidas com a milícia e isso já é em si absolutamente inaceitável.
segunda-feira, 11 de março de 2019
Bolsonaro terá supervisão de um adulto
Bolsonaro terá supervisão de um adulto
Atividades do presidente serão acompanhadas por um responsável
Folha de São Paulo
8.mar.2019 às 2h00
Após divulgar o golden shower no Twitter, ameaçar José de Abreu com um processo e passar muito tempo trancado no banheiro, o presidente Jair Bolsonaro terá sua autonomia controlada por um adulto responsável.
"Jair está naquela fase questionadora, em que começa a formar sua própria opinião, construir sua identidade e engrossar a voz", explicou Adalgisa Guararapes, do Conselho Tutelar de Rio das Pedras.
A partir de agora, a guarda de Jair será compartilhada entre Hamilton Mourão e Augusto Heleno. "Segundas, quartas e sextas, ele fica comigo. Vamos alternar nos finais de semana", explicou Mourão. "Quero também acalmar a nação e deixar claro o seguinte: caso eu tenha que sair de casa, vou deixá-lo com uma babá", completou.
Bolsonaro precisará submeter suas opiniões aos responsáveis antes de postá-las nas redes sociais. Só poderá assinar decretos na presença de um adulto. Deverá pedir autorização para dormir na casa de amigos e deve chegar da rua até as 21h.
"Esse menino passa o dia inteiro no celular e esquece de fazer o dever de casa. Está achando que a vida é ficar pendurado nas redes sociais vendo fetiche e provocando os outros", lamentou Augusto Heleno.
O general não descarta punir o presidente em caso de desobediência. "Da próxima vez que postar escatologia, vai ficar uma semana sem Twitter. E, se fizer pirraça, vai passar 15 dias descascando laranjas", explicou, enquanto dobrava o lençol de Bolsonaro e preparava um copo de leite morno.
O primeiro projeto de Bolsonaro submetido a um adulto foi a implementação imediata da operação Leva Jato.
"A ideia é destacar todo o efetivo da Polícia Federal para identificar todo mundo que recebeu 'golden shower' nesse Carnaval", explicou.
Ao tomar conhecimento, Augusto Heleno comprou um videogame novo para Jair se entreter e, discretamente, engavetou o projeto.
O mercado financeiro recebeu bem a tutela de Jair Bolsonaro. Especialistas apostam que, em breve, Gleisi Hoffmann também terá a supervisão de um adulto.
Renato Terra
Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.
Atividades do presidente serão acompanhadas por um responsável
Folha de São Paulo
8.mar.2019 às 2h00
Após divulgar o golden shower no Twitter, ameaçar José de Abreu com um processo e passar muito tempo trancado no banheiro, o presidente Jair Bolsonaro terá sua autonomia controlada por um adulto responsável.
"Jair está naquela fase questionadora, em que começa a formar sua própria opinião, construir sua identidade e engrossar a voz", explicou Adalgisa Guararapes, do Conselho Tutelar de Rio das Pedras.
A partir de agora, a guarda de Jair será compartilhada entre Hamilton Mourão e Augusto Heleno. "Segundas, quartas e sextas, ele fica comigo. Vamos alternar nos finais de semana", explicou Mourão. "Quero também acalmar a nação e deixar claro o seguinte: caso eu tenha que sair de casa, vou deixá-lo com uma babá", completou.
Bolsonaro precisará submeter suas opiniões aos responsáveis antes de postá-las nas redes sociais. Só poderá assinar decretos na presença de um adulto. Deverá pedir autorização para dormir na casa de amigos e deve chegar da rua até as 21h.
"Esse menino passa o dia inteiro no celular e esquece de fazer o dever de casa. Está achando que a vida é ficar pendurado nas redes sociais vendo fetiche e provocando os outros", lamentou Augusto Heleno.
O general não descarta punir o presidente em caso de desobediência. "Da próxima vez que postar escatologia, vai ficar uma semana sem Twitter. E, se fizer pirraça, vai passar 15 dias descascando laranjas", explicou, enquanto dobrava o lençol de Bolsonaro e preparava um copo de leite morno.
O primeiro projeto de Bolsonaro submetido a um adulto foi a implementação imediata da operação Leva Jato.
"A ideia é destacar todo o efetivo da Polícia Federal para identificar todo mundo que recebeu 'golden shower' nesse Carnaval", explicou.
Ao tomar conhecimento, Augusto Heleno comprou um videogame novo para Jair se entreter e, discretamente, engavetou o projeto.
O mercado financeiro recebeu bem a tutela de Jair Bolsonaro. Especialistas apostam que, em breve, Gleisi Hoffmann também terá a supervisão de um adulto.
Renato Terra
Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019
domingo, 10 de fevereiro de 2019
domingo, 13 de janeiro de 2019
sábado, 12 de janeiro de 2019
terça-feira, 8 de janeiro de 2019
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