A delação de Cunha é tudo de que o governo Temer e os principais caciques do PMDB não precisam
Procuradores da Lava Jato e
advogados que atuam na operação concordam num diagnóstico: a reabertura
imediata do programa de repatriação de ativos no exterior, agora com a
possibilidade de ser extensivo a políticos, tem como principal motor a
necessidade de Michel Temer e próceres do Congresso mandarem um recado para
Eduardo Cunha. Esse recado é: aguente calado que estamos cuidando da sua
situação aqui fora.
Apesar de as contas do casal
Cunha e Cláudia Cruz na Suíça já estarem rastreadas, procuradores acham que,
uma vez que ela não foi denunciada por corrupção nos processos, pode se abrir
uma brecha para que ela tente trazer de volta parte dos recursos.
A mulher do ex-deputado responde
por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Na hipótese de repatriar os recursos,
há dúvida se ela poderia se beneficiar da anistia concedida pela repatriação.
“Há todo um movimento de bastidores para acalmar o homem. Ela já está tentando
regularizar os recursos. Essa reabertura tem endereço certo”, diz um integrante
do Ministério Público.
A delação de Cunha é tudo de que
o governo Temer e os principais caciques do PMDB não precisam.
TEFLON
Sem previsão para denúncias de
Renan
Renan Calheiros, que respirou com
o adiamento do julgamento da ação que questiona se um réu pode ocupar cargo da
linha sucessória da Presidência da República, pode terminar o ano sem ser
incomodado pela Lava Jato. Rodrigo Janot não deve apresentar ao Supremo
denúncia em nenhum dos inquéritos contra o presidente do Senado em 2016.
MARCHA LENTA
Acordo da Odebrecht atrasa outras
linhas de investigação
A justificativa para o atraso nas
investigações contra vários políticos da “lista do Janot” é a mega delação da
Odebrecht. Os procuradores estariam “sem braços” para cuidar de outras frentes.
BUMERANGUE
Advogados dizem que decisão do
STF pode barrar candidatos
Advogados estão de olho no
julgamento da ação da Rede sobre a presença de réus na linha sucessória. Avaliam
que a decisão pode impedir réus até de serem candidatos — o que tiraria Lula do
páreo de 2018.
JUDICIÁRIO
Ministros do STF preveem divisão
na Segunda Turma
Ministros do STF preveem que os
próximos julgamentos da Segunda Turma da Corte, encarregada dos processos da
Lava Jato, podem começar a apresentar placares apertados. A nova configuração
do colegiado, que passou a contar com o ex-presidente Ricardo Lewandowski,
começaria a ter decisões por 3 votos a 2. O risco, apontam esses magistrados, é
que a maioria estreita comece a ser contra o andamento de muitos processos.
MÉTIS
Janot deve opinar sobre
competência de operação
O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, deve se manifestar nesta semana sobre se o juízo federal de
primeira instância poderia ou não ter determinado a Operação Métis, que levou à
prisão agentes da Polícia Legislativa do Senado e foi paralisada por Teori
Zavascki. O Ministério Público tende a ver certa “exorbitância” de competência,
pelo fato de haver ordem direta de senadores em algumas missões ilegais
denunciadas pelos policiais legislativos.
SÓ EM 2017
Previdência não vai tramitar
neste ano
O governo pode até mandar a
proposta de reforma da Previdência ao Congresso neste ano, mas sua tramitação
ficará integralmente para 2017. O Planalto culpa os governadores, que estariam
querendo enfiar no projeto federal todas as “maldades” que precisam fazer em
casa. A ordem é centrar fogo na emenda que fixa o teto de gastos e deixar a
batalha previdenciária para depois.
RECEITA EM RISCO
Governo deixa correr solta
desfiguração de projeto
O ministro Henrique Meirelles
(Fazenda) e o secretário da Receita, Jorge Rachid, assistem passivamente à
desfiguração total do Projeto de Lei 5.864/16, que dispõe sobre a
reestruturação salarial e funcional da Receita. O relator da matéria, o
deputado Wellington Roberto (PR-PB), um dos últimos fiéis escudeiros de Eduardo
Cunha, enfiou contrabandos na proposta que abrem a Receita à ingerência
política e acaba com a autonomia de fiscalização dos auditores.
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