segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Marqueteiro de Dilma sabia que dinheiro era de origem ilegal, diz PF


  • Eduardo Knapp - 28.set.2014 / Folhapress
    João Santana foi marqueteiro das campanhas de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014)
    João Santana foi marqueteiro das campanhas de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014)
O publicitário João Santana, responsável pelas campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014), sabia que o dinheiro depositado em suas contas no exterior tinha origem ilegal, segundo a PF (Polícia Federal).
O marqueteiro é um dos alvos da 23ª etapa da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (22) e que foi batizada de "Acarajé", nome como o dinheiro em espécie era chamado por alguns investigados.
Há mandados de prisão contra João Santana e sua mulher, Mônica Moura, que estão fora do país, trabalhando na campanha de reeleição do presidente Danilo Medina, da República Dominicana.
"João Santana e Mônica tinham conhecimento da origem espúria dos recursos. Eles sabiam que não era um mero caixa 2. [...] Eles tratavam diretamente com uma pessoa que era representante e operador de propina na Petrobras", afirmou o delegado Filipe Hille Pace.
As investigações identificaram transferências que totalizaram US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões, em valores desta segunda), feitas por empresas investigadas pela Operação Lava Jato para a offshore Shellbill Finance S.A., que pertence a João Santana.
Os investigadores chegaram a esses valores por meio de informações obtidas com o Citibank de Nova York, que forneceu os dados por meio de cooperação jurídica com as autoridades brasileiras.
"Os extratos do Citibank fazem clara referência que esses depósitos eram feitos com base em contratos falsos para justificar remessa de dinheiro", declarou o delegado.
É possível que essa quantia seja maior já que os dados são parciais, segundo a PF. "Esperamos ainda que venham novas informações do Citibank de Nova York", afirmou Pace.
Ao longo da manhã, equipes da PF fizeram buscas no apartamento de João Santana em um bairro nobre de Salvador e em uma casa dele em Camaçari, na região metropolitana.
Em nota, a assessoria de imprensa da Polis Propaganda, agência do marqueteiro e de sua mulher, informa que "no início da tarde de hoje o advogado do jornalista e publicitário João Santana, Fábio Toufic, divulgará um comunicado esclarecendo a posição de seu cliente em relação à operação feita hoje pela Polícia Federal".
Ao todo, cerca de 300 policiais federais cumprem hoje 51 mandados judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva. A Operação Lava Jato investiga um grande esquema de corrupção na Petrobras.

Segunda linha de investigação

A segunda linha de investigação desta recente fase da Operação Lava Jato é a descoberta de novos operadores de propina ligados à Odebrecht. "Foram descobertos indícios de envolvimento de um grupo de funcionários ligados à Odebrecht que controlava pagamentos no exterior", afirmou o procurador da República Carlos Fernando Lima.
Os escritórios da empreiteira em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia foram alvo hoje de busca e apreensão. A empresa é uma das investigadas pela Lava Jato. Seus executivos são acusados de pagar propinas milionárias para contratar obras da Petrobras. O ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht foi preso em junho do ano passado.
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4 comentários:

  1. Rubens Pereira Júnior, deputado (PCdoB-MA), vice-líder do PCdoB na Câmara:
    “Pessoalmente, eu prefiro deixar cada coisa no seu lugar. A Lava Jato está no campo da polícia e da Justiça e não no campo da política. Então, politizar todo e qualquer passo dessa investigação é ruim para a própria investigação. Ainda não vi o inquérito nem o que o João Santana tem para declarar. Então, sem ter o conhecimento dos fatos, a gente fica com dificuldade de opinar de forma concreta. Independentemente disso, tem que ser investigado, dada ampla defesa e a verdade tem que vir à tona. Agora, de forma antecipada, ligar isso com o processo do TSE é politizar e isso prejudica a investigação. Traz um desgaste naturalmente pelo fato de ter sido o marqueteiro das duas últimas campanhas, mas insisto: cada coisa no seu lugar, não se deve confundir o campo da Justiça com o da política."

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  2. Deputado Rubens Bueno (PPS-PR), líder do PPS:
    “Se for olhar no mensalão o episódio do Duda Mendonça, que recebeu milhões de reais dos candidatos do PT no exterior, repete-se a fórmula. A mesma fórmula do mensalão se repete no petrolão. Agora, é o João Santana. Então, é sempre o PT com a sua organização criminosa aparelhando o poder e daí tirando propina da corrupção para bancar as suas campanhas. É mais uma prova de que o dinheiro sujo bancou a campanha da presidente Dilma e do ex-presidente Lula.”

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  3. Deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE), vice-líder do governo:
    “Eu acho que a Operação Lava Jato é fundamental para o país. Tenho certeza de que vai nascer um novo Brasil após a Lava Jato. E, sinceramente, eu quero que todos os culpados, independentemente de coloração política, sejam investigados e penalizados. Agora, eu acredito na presunção de inocência de João Santana. Eu não vou politizar uma ação altiva da Polícia Federal. No nosso governo, queira a oposição ou não, as instituições têm independência. Não dá para negar que causa um desconforto. Todas as prisões de pessoas próximas ao governo causam desconforto. Agora, entre causar desconforto e ter culpabilidade é uma questão muito diferente.”

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  4. Manoel Júnior, deputado (PMDB-PB), vice-líder do PMDB na Câmara:
    “Eu acho que, se tem essas provas de pagamento de caixa 2, é complicado. Eu acredito que o governo é que tem que se explicar sobre isso, a própria assessoria da Presidência da República que foi responsável pelo processo eleitoral, a parte institucional do partido, tem que se explicar. Eu acho que isso carece de explicações.”

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